segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Até quando a obesidade pode influenciar em relações amorosas?

             ''Cinderela não é gorda'' é uma monografia defendida na Universidade de Brasília para a conclusão do Curso de Comunicação Social pelas alunas Ramilla Rodrigues e Vanessa Arcoverde. Esse trabalho analisa as atitudes das personagens da novela ''Amor à Vida'', que foi exibida pela rede Globo de televisão de 20 de maio de 2013 a 31 de janeiro de 2014, em relação à Perséfone Fortino, a personagem obesa do enredo.
             A conclusão do trabalho é que a abordagem do autor Walcyr Carrasco foi precipitada, superficial e na maior parte dos casos preconceituosa. Visto que, existe uma grande quantidade de cenas que fazem apologia à gordofobia.
             Com as palavras de Ramilla e Vanessa :'' A mulher gorda é vista como indesejável ao público masculino: é alguém incapaz de despertar atração em alguém, assim como de ser amada, situação que torna a personagem vítima de escárnio e de desprezo. Em nenhum momento se fala que ela é feia, apenas que é gorda, porém os dois adjetivos se tornam sinônimos: a gordura de Perséfone é o suficiente para que ela não seja desejável.''
             Em abril de 2010, o Hospital do coração, HCor, de São Paulo, fez uma pesquisa com 600 pessoas, dentre esse total a metade eram mulheres e a outra metade homens, para descobrir a opinião das pessoas em relação à obesidade e relações amorosas.
Os resultados foram os seguintes:

78% dos entrevistados acreditavam que a obesidade realmente interferia na relação matrimonial. 79% por cento dos que não casariam com pessoas obesas eram homens, em contrapartida 77% eram pessoas do sexo feminino. Gerando assim, uma curiosidade: Os homens se importam mais com o físico dos parceiros do que as mulheres.
Outrossim, 50% dos entrevistados afirmaram que não se casariam com um obeso, em compensação 48% se casaria. Os outros 2% não responderam essa pergunta.
             É possível perceber com esses estudos que o preconceito não está apenas no pensamento de Walcyr Carrasco, mas sim na percepção da maioria das pessoas e que a obesidade pode influenciar de uma forma imensurável a vida de pessoas com essa característica.

Clara Rodrigues 

O novo modo de vida





                  O ser humano evoluiu apenas intelectualmente e não fisicamente. O nosso organismo está programado para viver como o Homem-de-neandertal que vivia procurando alimentos para alimentar a tribo. Esse homem mantinha uma frequência de alimentação uma vez por semana o que, ao contrário do que muitos pensam, é uma situação que o organismo conseguia aguentar, uma vez que acumulava-se gordura para manter o sistema funcionando e gastava-se energia durante a caça.

                 Nos dias atuais o organismo atua da mesma forma e o motivo para tantos casos de gordura em excesso é que a nossa alimentação é feita do modo mais fácil possível, não gastamos quase nenhuma energia para nos alimentar, inclusive não somos obrigados a preparar nossa própria comida, ora, a maioria dos conservados só precisam ser esquentados. Em suma, A gordura é acumulada e não há um gasto significante, por isso as pessoas acabam engordando. 

                  Segundo ROSSI, C. et al., 2010 a permanência em frente à TV é um fator que influencia crianças e adolescentes a desenvolverem hábitos alimentares menos saudáveis, e também reduz o tempo dedicado à atividade física. Quanto mais tempo em frente ao televisor, menor será o consumo de frutas e verduras e consequentemente menor será o interesse em brincadeiras que gastem energia.

                  A televisão prende a atenção dos telespectadores e além do bombardeio de propagandas de produtos considerados ''pouco saudáveis'', ela prende a atenção do teleassistente para que ele prefira o conforto do sofá ao cansaço do esporte físico. Devido ao estilo de vida cada vez mais sedentário e ao consumo de alimentos com mais calorias do que o nosso organismo realmente precisa, não só adultos como também crianças sofrem com os problemas gerados pela obesidade.

                                                                                       Clara Rodrigues
Fontes: http://www.youtube.com/watch?v=DztCsfA1NAM
Influência da televisão no consumo alimentar e na obesidade em crianças e adolescentes: uma revisão sistemática, Camila Elizandra Rossi; Denise Ovenhausen Albernaz; Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos; Maria Alice Altenburg de Assis; Patrícia Faria Di Pietro, 2010 ( http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732010000400011)

Resistência a insulina

             A insulina é um hormônio anabólico bastante conhecido. É secretado por células pancreáticas em resposta ao aumento dos níveis circulares de glicose e aminoácidos após as refeições.
             A obesidade está intimamente ligada a resistência a insulina. Que se refere a uma “condição patológica caracterizada por falta de resposta fisiológica dos tecidos periféricos à ação da insulina, levando a alterações metabólicas e hemodinâmicas" de acordo com Ascaso et al.,2003. Devido a essa resistência a obesidade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes melitus tipo 2.
             O desenvolvimento da resistência à insulina nos adipócitos resulta no acumulo de ácidos graxos livres na circulação. Este acumulo leva a uma serie de alterações em tecidos não lipídicos (musculo esquelético, fígado e pâncreas) e promove modificações na ação e na dinâmica da insulina( FONTES, 2003; MANCO et al, 2004).
             O controle do peso com dieta balanceada e exercícios físicos ajudam com diminuição da resistência a insulina e consequentemente previne o desenvolvimento de diabetes melitus tipo 2.
Fontes:
FONTES C.F.L. Diabetes. In: Poian AT, Carvalho- Alves PC. Hormônios e Metabolismo – Inte- gração e Correlações Clínicas 1ª ed. São Paulo: Atheneu; 2003. 215-68
MANCO M, Calvani M, Mingrone G. Effects of dietary fatty acids on insulin sensitivity and secretion. Diabetes, Obesity and Metabolism 2004; 6: 402-13.
CAMPUS E.K. et al. FERNINA - Setembro 2006 vol. 34 nº 9 
CARVALHEIRA J.B.C. Arq Bras Endocrinol Metab 2002;46/4:419-425

Consequências metabólicas da obesidade

             A obesidade pode gerar um desequilíbrio funcional dos sistemas fisiológicos e levar a complicações metabólicas que favorecem o acumulo desordenado de tecido adiposo e posteriormente a resistência à perda de peso, se esses sistemas não voltarem a funcionar de maneira organizada.
             Uma das alterações hormonais em pessoas obesas é a resistência à insulina. Com o consumo de alimentos ricos em lipídios saturados e carboidratos (de alto índice glicêmico) contribui para a intolerância à glicose e da resistência a insulina.
             A obesidade está associdada ao estado crônico subclínico de inflamação, caracterizado por uma produção anormal de citocinas pró-inflamatórias. Várias células, como os adipócitos e os macrófagos, estão envolvidas nessa produção anormal de citocinas pró-inflamatórias, que impedem a correta sinalização intracelular da insulina e propiciam o estado de resistência a esse hormônio. Outros estudos indicam que o aumento de ácidos graxos intracelulares também pode interferir na sinalização intracelular da insulina.

Priscila de Holanda

Fonte: 
NEVES A. ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 189-199, 2007. 
HOTAMISLIGIL, G. S. Inflammatory pathways and insulin action.International Journal of Obesity. Boston, v. 27, supl. 3, p. 53-55, 2003. 
SHULMAN, G. I. Cellular mechanisms of insulin resistance.The Journal of Clinical Investigation, Ann Harbor, v. 106, n. 2, p. 171-176, 2000 
WOLEVER, T. M. S. Dietary carbohydrates and insulinaction in humans. British Journal of Nutrition, Wallingford, v. 83, supl. 1, p. 97-102, 2000

A linha tênue entre as propagandas e a indústria alimentícia

                  Assistir televisão não faz mal, o problema é o conteúdo exposto entre um programa e outro. A maior parte das crianças são incapazes de discernir a real intenção da publicidade dos alimentos e bebidas com baixo valor nutricional e frequentemente a indústria publicitária atinge o seu objetivo: manipular as crianças.
                  Segundos dados do IBOPE as crianças brasileiras passam em média 5 horas por dia em frente à televisão e assistem aproximadamente 40 mil propagandas durante um 1 ano. 

                  O que isso significa em casos de obesidade infantil? A importância desse dado é perceber que os pais estão tendo cada vez menos controle sobre os conteúdos expostos diariamente aos seus filhos e que a industria alimentícia já percebeu isso. Há cada vez mais a exposição de propagandas e campanhas promocionais ligadas à uma alimentação desbalanceada e em contrapartida cada vez menos incentivos à prática de esportes.
                  Os hábitos alimentares adquiridos na infância estão diretamente ligados ao modo de vida de cada indivíduo e pesando nisso a organização Pan-Americana de saúde (OPAS) aprovou o Plano de Ação para Prevenção da Obesidade em Crianças e Adolescentes que dentro das suas quatro linhas de ações principais, envolve a criação de impostos sobre junk-food e restrições de publicidade para que a industria publicitária não interfira tanto quando costumava interferir nos quereres das crianças.


Mitos sobre a obesidade

Uma pesquisa publicada no The new england journal of medicine expôs alguns mitos sobre obesidade, eis aqui os mais inacreditáveis deles:
Mito 1) Pequenas reduções do aporte calórico diário ou pequenos aumentos do gasto energético provocam emagrecimento significativo mantido por períodos longos:
Aquela velha história contada erroneamente que ao fazermos pequenas mudanças no estilo de vida, haverão grandes reduções de peso foi desmascarada durante o estudo publicado. Uma vez que, existe uma variabilidade individual entre os indivíduos e quando uma pessoa perde peso, a energia necessária para o funcionamento em repouso do corpo também diminui.
Mito 2: Definir metas realistas para a perda de peso é importante, porque caso contrário, os pacientes vão ficar frustrados e perdem menos peso:
Apesar de ser uma explicação modesta para algumas pessoas os estudos realizados para a publicação do artigo não comprovaram que é uma hipótese correta. Pelo contrário, metas mais ambiciosas são, em muitos casos, associadas a melhores resultados de perda de peso.
Mito 3) Rápida perda de peso está associada a piores resultados de perda de peso a longo prazo, em comparação com o lento, perda de peso gradual:
A explicação para o estudo realizado foi que: '' Apesar da associação de dietas com pouquíssima quantidade de energia e maior perda de peso. Não houve diferença significativa entre as dietas de muito baixa energia e as dietas de baixa energia no que se diz respeito à perda de peso no final do tempo.''
Mito 4) Nos programas de emagrecimento, é importante que um profissional avalie periodicamente a dieta ingerida:
Cinco ensaios clínicos, envolvendo 3910 participantes, por 9 meses, mostraram que isso é um mito. A explicação dos pesquisadores é que como as pessoas escolheram voluntariamente no programa de emagrecimento, elas tem força de vontade para se engajar em comportamentos mínimos para contribuir com a perda de peso.
Mito 5) Aulas de educação física nas escolas contribuem para combater a obesidade infantil:
Segundo o estudo apesar de existir um aumento no número de dias destinados às aulas de educação físicas nas escolas, o índice de massa corporal (IMC) é inconsistente. Ou seja, as aulas de educação física, no estudo, não foram capazes de contribuírem para combater a obesidade infantil. Uma vez que, o gasto energético não é suficiente para suprir a necessidade do corpo.
Mito 6) A amamentação protege contra a obesidade:
''Um estudo envolvendo mais de 13.000 crianças acompanhadas por mais de seis anos não forneceram nenhuma evidência convincente de um efeito da amamentação sobre a obesidade.'' Diz o artigo.
Mito 7) A atividade sexual queima até 300 calorias:
Olhando pelo ponto de vista dos estudos realizados e publicados um homem com peso médio de 70kg durante as fases de excitação e orgasmo, por METs, gasta certa de 3,5kcal por minutos. Ou seja, 210kcal por hora. Levando em consideração o tempo médio da atividade sexual de um homem de 30 anos, pode-se gastar cerca de 21kcal durante a relação sexual. O que pode ser comparado com o gasto adquirido em uma caminhada em ritmo moderado, cerca de 4 km por hora.
METs = Produto da intensidade da atividade em equivalente metabólico.

PS: O nome do estudo é ''Myths, Presumptions, and Facts about Obesity'' e seus autores são: Krista Casazza, Ph.D., R.D., Kevin R. Fontaine, Ph.D., Arne Astrup, M.D., Ph.D., Leann L. Birch, Ph.D., Andrew W. Brown, Ph.D., Michelle M. Bohan Brown, Ph.D., Nefertiti Durant, M.D., M.P.H., Gareth Dutton, Ph.D., E. Michael Foster, Ph.D., Steven B. Heymsfield, M.D., Kerry McIver, M.S., Tapan Mehta, M.S., Nir Menachemi, Ph.D., P.K. Newby, Sc.D., M.P.H., Russell Pate, Ph.D., Barbara J. Rolls, Ph.D., Bisakha Sen, Ph.D., Daniel L. Smith, Jr., Ph.D., Diana M. Thomas, Ph.D., and David B. Allison, Ph.D.
Clara Rodrigues

Referência:
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMsa1208051#myths=&t=articleTop

A obesidade e seus números alarmantes



             Em um total de 75 artigos científicos, os principais fatores causadores da obesidade no Brasil em ordem decrescente são: sedentarismo e alimentação inadequada (82,66%); nivel socioeconômico (30,6%); fatores psicológicos (21,3%); fatores demográficos (16%); nível de escolaridade (5%); desmame precoce (5%); ter osis obesos (3%); estresse (2%) e fumo/álcool (1%). Logo, a obesidade trata-se de uma variante relacionada à diversos fatores atuando tanto de forma individual quanto de formas combinadas.
             O excesso de tecido adiposo no organismo é uma das características da obesidade. É um desequilíbrio nutricional que se dá pela maior ingestão de calorias- energia, que o indivíduo é capaz de gastar.
            Assim, obtêm-se um acumulo de energia que por ação da insulina é diretamente convertida em gordura.Sabendo-se que obesidade esta ligada ao " estilo de vida" da população em relação à alimentação e a prática de atividade física pode-se concluir que quanto mais ativo é o "estilo de vida" de uma pessoa, menor é a probabilidade desse indivíduo se tornar obeso e quanto mais rica a dieta em açúcares, lipídeos e alimentos industrializados, também são grandes as chances de tornar-se obeso.


Caroline Vieira

Referências:



GONÇALVES, A. (Org.). Saúde coletiva e urgência em Educação Física e esportes. Campinas: Papirus, 1997.



ENES, C. C.; SLATER, B. Obesidade na adolescência e seus principais fatores determinantes. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 163-171, 2010.

DALCASTAGNÉ, G. et al. A influência dos pais no estilodevidadosfilhosesuarelaçãocomaobesidade infantil. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo, v. 2, n. 7, p. 44-52, jan./fev. 2008.