Qual seria o tratamento para o estagio inflamatório
causado pela a obesidade?
Já é um fato
que o tecido adiposo é capaz de secretar hormônios (adipocinas). Mas qual seria
a ligação da obesidade com as adipocinas? Nesse post baseado no artigo
“obesidade e adipocinas inflamatórias; implicações praticas para a prescrição
de exercício” discutiremos esse assunto, que tem como base a observação dos
níveis de adipocinas em obesos submetidos há exercício físico e uma dieta com
restrição calórica.
O Tecido
Adiposo (TA) esta disposto em diferente locais do corpo, presente em dois
lugares principais: subcutâneo e por diferentes depósitos viscerais além dos
tecidos adiposos especificados como lifonodos, adipócitos mamários e células
mãe da medula óssea. Dependendo da sua localização há uma especialização dos
adipócitos. Pela a sua capacidade de secretar adipocinas o tecido adiposo afeta
varias vias metabólicas.
Em pacientes
obesos foi observado um nível elevado de citosinas em estado de inflamação.
Isso ocorre, pois os adipócitos na presença de alterações fisiológicas aumentam
a síntese de fatores relacionados à inflamação, esse estado inflamatório esta
ligado a resistência a insulina e outras doenças relacionadas à obesidade. De
acordo com o artigo “ is obesity an
inflammatory condition”a obesidade é de fato o resultado de uma doença
inflamatória.
Mas qual seria
o motivo dessa relação? Existem três probabilidades de acordo com o artigo
estudado. A primeira esta ligada na liberação a partir de órgãos que não o
adiposo principalmente o fígado; a segunda explicação é que o tecido adiposo
branco (TAB) libera elementos que auxiliam no estagio inflamatório e por fim os
adipócitos é a fonte “chave” de muitos desses elementos inflamatórios. Logo o
armazenamento desses elementos esta proporcionalmente ligada à quantidade de
tecido adiposo branco no organismo.
Esses elementos
inflamatórios são as adipocinas TNF- α e as duas mais sintetizadas e abundantes
no tecido adiposo: a leptina e adiponectina. A leptina tem um efeito na função
dos linfócitos T a partir da regulação da propagação de células envolvidas no
sistema imune gerando um aumento na síntese de adipocinas pro- inflamatórias. A
leptina estimula ou elimina a síntese das citosinas TH1 e TH2. O estudo “Leptin in the induction and progression of
autoimmune encephalomyelitis” mostra que a leptina aumenta a vulnerabilidade
a doenças, por aumentar a produção da citocina TL1 que sintetiza moléculas
ativando macrófagos que estimulam o crescimento da célula T.
O TNF α é um
polipeptídio produzido por macrófagos durante períodos de doenças. Esse
hormônio é uma citosina pró-inflamatória que pode inibir a proliferação de
células tumorais e ajudar na apoptose celular.
Em certas condições fisiológicas o tecido adiposo é capaz de produzir
certa quantidade de TNF α, porém somente uma parte é sintetizada pelos adipócitos,
a outra grande parte pode ser secretada por macrófagos que estão presentes no
TA. A concentração desse hormônio esta diretamente ligado com o IMC, o aumento
da massa corporal aumenta a quantidade de TNF-α.
E finalmente adiponectina,
hormônio produzido pelo tecido adiposo, é envolvido na resposta inflamatória,
regulação do balanço energético e no papel anti-inflamatório. Tendo relação com
o aumento da sensibilidade a insulina e na inibição da inflamação vascular. A
adiponectina existe em duas formas: a de alto peso molecular (parte
intracelular da molécula) e a de baixo peso molecular (presente na circulação).
Estudos revelam que a adiponectina possui um efeito vago, pois seu alto peso molecular
pode gerar um efeito pró-inflamatório por auxiliar a produção de IL-6, porem o baixo peso molecular ameniza a
formação de IL-6 e auxilia na síntese de IL-1RA, beneficiando a ação
anti-inflamatória. Ao contrario das outras adipocinas a concentração da
adiponectina é menor em obesos.
A grande
quantidade de tecido adiposo provoca aumento da produção de adipocinas gerando
uma falha em diversas funções corporais. As adipocinas podem ter efeitos
contrários no processo inflamatório. Existem as citocinas pró-inflamatórias
(TNF-α e a leptina) e as anti-inflamatórias (adiponectina).
Durante o
processo de redução de massa corporal em adolescentes obesos foi observado às
mudanças em adipocinas pró e anti-inflamatórias. No inicio com a diminuição do
tecido adiposo houve uma pequena redução dos níveis de TNF-α e após 24 semanas
os valores dessas citocinas foram normalizados. Em pessoas obesas a uma maior
concentração dessas adipocina acarretando no aumento de ácidos graxos liberados
pelos adipócitos.
Mulheres obesas
foram submetidas a exercícios físicos e dieta, tendo como resultado uma perda
de 10% da massa corporal inicial, gerando a diminuição de adipocinas
pró-inflamatórias e o aumento da adiponectina.
A adiponectina
possui diversas funções como: antidiabética, antiflamatória, antiangiogênica e
antitumoral. Tendo grande importância no câncer e em outras doenças
relacionadas a sistema imunológico. Em pacientes com vários tipos de câncer foi
observado baixas concentrações de adipocinas. A alta concentração de
adiponectina faz com que o organismo tenha uma menor probabilidade de
desenvolver diabetes melito do tipo 2, o que se espera já que esse hormônio em
indivíduos obesos está reduzido e estão associados a diminuição do risco de
infarto.
Existe uma
relação entre a quantidade de TNF- α e a leptina. A síntese de leptinas é estimulada por infecções
e por citocinas pró-inflamatórias, como a TNF- α. Em adolescentes obesos há uma
grande quantidade de leptina que esta ligada com o declínio de TH-2 (células de
defesa) auxiliando patologias ligadas ao sistema imune. Há indícios que essa
citosina pode esta ligada com o crescimento de células cancerígenas. As mulheres
que realizaram exercício aeróbico de 30 a 45 min quatro vezes por semana
juntamente com uma dieta de restrição calórica reduziram o nível de leptina.
Com isso
diferentes praticas de exercício tem sido consideradas maneiras na prevenção e
no tratamento da obesidade, auxiliando também na diminuição de processos
inflamatórios, ou seja, redução na produção de TNF- α, leptina e outras
adipocinas pró-inflamatórias e aumento na produção de adiponectina e outras
adipocinas anti-inflamatórias.
Luisa Bernardes
Bibliografia:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-86922009000600012&script=sci_arttext
Bibliografia:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-86922009000600012&script=sci_arttext