domingo, 23 de novembro de 2014

Qual seria o tratamento para o estagio inflamatório causado pela a obesidade?

Qual seria o tratamento para o estagio inflamatório causado pela a obesidade?


Já é um fato que o tecido adiposo é capaz de secretar hormônios (adipocinas). Mas qual seria a ligação da obesidade com as adipocinas? Nesse post baseado no artigo “obesidade e adipocinas inflamatórias; implicações praticas para a prescrição de exercício” discutiremos esse assunto, que tem como base a observação dos níveis de adipocinas em obesos submetidos há exercício físico e uma dieta com restrição calórica.
O Tecido Adiposo (TA) esta disposto em diferente locais do corpo, presente em dois lugares principais: subcutâneo e por diferentes depósitos viscerais além dos tecidos adiposos especificados como lifonodos, adipócitos mamários e células mãe da medula óssea. Dependendo da sua localização há uma especialização dos adipócitos. Pela a sua capacidade de secretar adipocinas o tecido adiposo afeta varias vias metabólicas.
Em pacientes obesos foi observado um nível elevado de citosinas em estado de inflamação. Isso ocorre, pois os adipócitos na presença de alterações fisiológicas aumentam a síntese de fatores relacionados à inflamação, esse estado inflamatório esta ligado a resistência a insulina e outras doenças relacionadas à obesidade. De acordo com o artigo “ is obesity an inflammatory condition”a obesidade é de fato o resultado de uma doença inflamatória.
Mas qual seria o motivo dessa relação? Existem três probabilidades de acordo com o artigo estudado. A primeira esta ligada na liberação a partir de órgãos que não o adiposo principalmente o fígado; a segunda explicação é que o tecido adiposo branco (TAB) libera elementos que auxiliam no estagio inflamatório e por fim os adipócitos é a fonte “chave” de muitos desses elementos inflamatórios. Logo o armazenamento desses elementos esta proporcionalmente ligada à quantidade de tecido adiposo branco no organismo.
Esses elementos inflamatórios são as adipocinas TNF- α e as duas mais sintetizadas e abundantes no tecido adiposo: a leptina e adiponectina. A leptina tem um efeito na função dos linfócitos T a partir da regulação da propagação de células envolvidas no sistema imune gerando um aumento na síntese de adipocinas pro- inflamatórias. A leptina estimula ou elimina a síntese das citosinas TH1 e TH2. O estudo “Leptin in the induction and progression of autoimmune encephalomyelitis” mostra que a leptina aumenta a vulnerabilidade a doenças, por aumentar a produção da citocina TL1 que sintetiza moléculas ativando macrófagos que estimulam o crescimento da célula T.
O TNF α é um polipeptídio produzido por macrófagos durante períodos de doenças. Esse hormônio é uma citosina pró-inflamatória que pode inibir a proliferação de células tumorais e ajudar na apoptose celular.  Em certas condições fisiológicas o tecido adiposo é capaz de produzir certa quantidade de TNF α, porém somente uma parte é sintetizada pelos adipócitos, a outra grande parte pode ser secretada por macrófagos que estão presentes no TA. A concentração desse hormônio esta diretamente ligado com o IMC, o aumento da massa corporal aumenta a quantidade de TNF-α.
E finalmente adiponectina, hormônio produzido pelo tecido adiposo, é envolvido na resposta inflamatória, regulação do balanço energético e no papel anti-inflamatório. Tendo relação com o aumento da sensibilidade a insulina e na inibição da inflamação vascular. A adiponectina existe em duas formas: a de alto peso molecular (parte intracelular da molécula) e a de baixo peso molecular (presente na circulação). Estudos revelam que a adiponectina possui um efeito vago, pois seu alto peso molecular pode gerar um efeito pró-inflamatório por auxiliar a produção de  IL-6, porem o baixo peso molecular ameniza a formação de IL-6 e auxilia na síntese de IL-1RA, beneficiando a ação anti-inflamatória. Ao contrario das outras adipocinas a concentração da adiponectina é menor em obesos.
A grande quantidade de tecido adiposo provoca aumento da produção de adipocinas gerando uma falha em diversas funções corporais. As adipocinas podem ter efeitos contrários no processo inflamatório. Existem as citocinas pró-inflamatórias (TNF-α e a leptina) e as anti-inflamatórias (adiponectina).
Durante o processo de redução de massa corporal em adolescentes obesos foi observado às mudanças em adipocinas pró e anti-inflamatórias. No inicio com a diminuição do tecido adiposo houve uma pequena redução dos níveis de TNF-α e após 24 semanas os valores dessas citocinas foram normalizados. Em pessoas obesas a uma maior concentração dessas adipocina acarretando no aumento de ácidos graxos liberados pelos adipócitos.
Mulheres obesas foram submetidas a exercícios físicos e dieta, tendo como resultado uma perda de 10% da massa corporal inicial, gerando a diminuição de adipocinas pró-inflamatórias e o aumento da adiponectina.
A adiponectina possui diversas funções como: antidiabética, antiflamatória, antiangiogênica e antitumoral. Tendo grande importância no câncer e em outras doenças relacionadas a sistema imunológico. Em pacientes com vários tipos de câncer foi observado baixas concentrações de adipocinas. A alta concentração de adiponectina faz com que o organismo tenha uma menor probabilidade de desenvolver diabetes melito do tipo 2, o que se espera já que esse hormônio em indivíduos obesos está reduzido e estão associados a diminuição do risco de infarto.
Existe uma relação entre a quantidade de TNF- α e a leptina. A  síntese de leptinas é estimulada por infecções e por citocinas pró-inflamatórias, como a TNF- α. Em adolescentes obesos há uma grande quantidade de leptina que esta ligada com o declínio de TH-2 (células de defesa) auxiliando patologias ligadas ao sistema imune. Há indícios que essa citosina pode esta ligada com o crescimento de células cancerígenas. As mulheres que realizaram exercício aeróbico de 30 a 45 min quatro vezes por semana juntamente com uma dieta de restrição calórica reduziram o nível de leptina.
Com isso diferentes praticas de exercício tem sido consideradas maneiras na prevenção e no tratamento da obesidade, auxiliando também na diminuição de processos inflamatórios, ou seja, redução na produção de TNF- α, leptina e outras adipocinas pró-inflamatórias e aumento na produção de adiponectina e outras adipocinas anti-inflamatórias.


Luisa Bernardes

Bibliografia: 

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-86922009000600012&script=sci_arttext


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